Começam os estágios práticos na Santa Casa

Após o fim do curso em abril, o projeto Músicos do Elo entrou em sua fase final: os estágios na Santa Casa de São Paulo. Após meses de preparação, os alunos começaram as intervenções musicais no hospital, colocando em prática todo o conhecimento acumulado no curso.

Os músicos estão atuando em duplas, toda semana, em diversos setores da Santa Casa, como a pediatria, o departamento de cirurgia e o de clínica médica. A periodicidade é seguida com seriedade, para que a haja um compromisso real entre os músicos e os pacientes junto à equipe médica.

Esse compromisso tem sido muito bem recebido e valorizado pelo hospital. O músico Nei Silva, que atuou como professor do curso e agora também realiza as intervenções, conta que ouviu relatos de crianças e pais que se sentem muito bem com os Músicos do Elo. “Eles falam que lá [a Santa Casa] é o melhor hospital, que tem até música! O João*, um menino que teve alta, estudará violão comigo no Camp Pinheiros! A Carla* estava bem debilitada e, ainda assim, cantou comigo na frente dos pais. O Lucas* esteve lá por três semanas e, ao me ver, tentava cantar junto. Ele tem dificuldade com a fala, dentre outras patologias, e quando a música acabava, ele ficava triste.”

Além dos pacientes, a equipe médica também é  acolhida pelo projeto. “Faz duas semanas que guardo meu material com voluntárias na quimioterapia e ontem toquei nesse espaço também”, completa Nei. E finaliza: “É tudo muito sensível e leve. Estou muito feliz com esse encontro nas tardes de segunda!”

*Os nomes foram alterados para manter a privacidade dos pacientes.

Primeira parte do projeto é finalizada

Depois de meses de preparação, os participantes do projeto Músicos do Elo finalizaram o curso de formação para os estágios nos hospitais. Foram muitos fins de semana de aula desde novembro de 2017, com muito aprendizado e troca de experiências. A primeira etapa do projeto se encerrou em abril e agora os músicos darão início às intervenções em diversos serviços da Santa Casa de São Paulo.

O curso de preparação

Renato Costa, músico e contador de histórias, participa da edição 2017/2018 do projeto desde o seu início. Ele conheceu o Músicos do Elo através de uma amiga e parceira de trabalho, com quem compõe um grupo de espetáculo infantil.

O paulistano conta que o curso o transformou como músico na medida em que a sua percepção sobre a própria música foi alterada. “Primeiro, temos que entender qual a postura do músico. O que ele tem que levar para as pessoas nesse momento? E então passamos por um crescimento, primeiro pessoal de transformação própria e de entendimento das necessidades das pessoas e segundo, de uma quebra de paradigma. Isso porque você não é mais um artista que está lá sendo o centro das atenções”, conta Renato.

O contador de histórias, então, conlcui que a grande mudança ao longo do curso foi a de postura em relação à música: “A música que você tem que levar é uma coisa que vai acalmar e alegrar. Então, não é você ser o músico… É você ser a música, o momento, o ambiente, a alegria, o acalanto, o acolhimento […]  e, assim, tentar entender por um olhar, por um gesto, o momento de cada pessoa”, explica.

Já para Nei Silva, a transformação que o curso trouxe foi outra. Ele atuou como professor no projeto e foi um dos grandes responsáveis pela formação dos alunos. “Curiosamente, eu já tocava para alguns conhecidos e amigos que estavam enfermos. Porém, com a vivência no Músicos do Elo, desenvolvi e ainda desenvolvo algumas técnicas que fazem toda positiva diferença em como abordar e se relacionar com os pacientes”, explica Nei, que já havia participado do projeto em 2013, na cidade de Sorocaba. O professor também conta que o que mais gostou no curso foi a metodologia da aprendizagem de criar instrumentos  com objetos sonoros, além do trabalho em duplas.

Para Renato, a melhor parte do curso foi a dedicação de toda a equipe envolvida. “Todo o conteúdo foi de muita importância pro aprendizado, mas acho que o mais importante foi o amor dedicado por cada um dos colaboradores, dos mestres que estavam ali, pra passar alguma coisa do conteúdo – tanto de humano, quanto técnico e  instrumental – pra gente.”

Os estágios

Com o fim do curso de preparação, a próxima etapa do projeto é a realização dos estágios na Santa Casa. Os músicos atuarão em duplas, por cerca de 3 horas semanais, em diferentes serviços do hospital, como a pediatria e o departamento de cirurgia. Renato conta que a expectativa para esse momento é muito grande: “Depois de todos esses meses em preparação, entendimento e conhecimento, finalmente nós chegamos na hora dos estágios. Então, é um pouco de nervosismo e de apreensão. Mas também é um momento de sincronizar, de se preparar melhor, de estar com a cabeça bem tranquila”, e conclui: “É uma expectativa muito grande, mas muito positiva, de conseguir extrair o máximo de mim mesmo e das pessoas que estiverem envolvidas junto com o meu trabalho. Que tudo seja muito bonito, muito mágico e que a gente consiga passar um momento de coisas boas pra essas pessoas que estão precisando de momentos bons.”

Professores do curso apontam evolução dos músicos

Com a aproximação dos estágios práticos na Santa Casa, os alunos do projeto tiveram um fim de semana extra de aula com Joana Reais e Nei Silva nos dias 24 e 25 de março. Como dois dos grandes responsáveis pela formação dos músicos nesse curso, os professores deram suas orientações finais para os alunos e apontaram a sua evolução no decorrer dos meses.

No sábado, a professora Joana realizou um acompanhamento vocal dos músicos junto ao piano, o que auxiliou na percepção de detalhes técnicos a serem aprimorados por eles. Além disso, foram apresentadas uma bibliografia e uma discografia selecionadas para compor o repertório dos alunos nos diferentes setores do hospital. Esse material pode ser encontrado nesse link.

Já Nei Silva, no domingo, reservou sua aula para as duplas e o trio formados ensaiarem e apresentarem seus medleys. O professor ressaltou a grande evolução da turma ao longo do curso, apontando tanto as questões técnicas quanto as mais pessoais.