“Essa comunicação que vocês deram às pessoas tem um valor inestimável”, diz superintendente da Santa Casa aos Músicos do Elo

Na manhã dessa quarta-feira (05/09), os músicos se reuniram com representantes da Fundac e da Santa Casa para encerrar o primeiro ciclo dessa edição do projeto. Depois de meses de aula e de estágios práticos na instituição, eles receberam um certificado de participação no projeto Músicos do Elo.

Rita de Cássia, articuladora de humanização da Santa Casa – e grande responsável pela parceria firmada -, deu início ao encontro agradecendo o trabalho de todos os envolvidos no projeto. Em seguida, Victor Flusser, idealizador do Músicos do Elo, também agradeceu a recepção da instituição. “Nós não escolhemos a Santa Casa, a Santa Casa que nos acolheu”, e continuou: “vocês adicionaram uma pedrinha nesse caminho que eu tracei entre França, Itália, Espanha, Alemanha, Portugal e Brasil”, fazendo menção às edições anteriores do projeto.

As enfermeiras chefes dos departamento de cirurgia e medicina, Mariana e Simone Reis, também estavam presentes e contaram que o projeto foi muito importante, tanto para os pacientes quanto para os colaboradores da instituição. “Quando se está dentro do hospital, na maioria das vezes, só é falado sobre a doença, sobre o momento que o paciente está vivendo ali. [O trabalho dos músicos] fez os pacientes relembrarem de alguns momentos através da música. E normalmente, nós, colaboradores, estamos em um momento mais tenso e, então, [com os músicos], a cabeça dá uma renovada”, contou Simone.

Carlos Augusto Meinberg, superintendente da Santa Casa de São Paulo, também marcou presença no encontro. Ele falou sobre como o projeto atua no contraste que existe no gerenciamento da instituição. “Ao mesmo tempo em que estamos preocupados com o ser humano que está ali, nós temos que fazer a gestão [do hospital]. São duas coisas diferentes. De um lado, nós mexemos com número, com dinheiro, com compra de medicamentos… É um coisa dura, fria. Mas o nosso alvo são pessoas que precisam de calor humano, de carinho”, e completou, direcionando aos músicos: “Então, eu diria que é muito importante esse trabalho. Porque, efetivamente, nós somos uma casa de pessoas, e não só de números. Essa comunicação que vocês deram às pessoas tem um valor inestimável”.

Encontro vai dar reconhecimento ao trabalho dos Músicos do Elo

Após cinco meses de aula e quatro de estágios práticos, os Músicos do Elo vão se reunir para receber seus certificados de participação no projeto social. Junto à equipe de coordenação do projeto e aos apoiadores da Santa Casa, os cinco participantes serão reconhecidos pela realização do curso e das intervenções no hospital. O encontro acontece na manhã dessa quarta-feira (05/09) na própria Santa Casa de São Paulo.

Equipe médica da Santa Casa comenta a atuação dos Músicos do Elo: “É um sentimento de gratidão”

Dois meses após o início da atuação dos Músicos do Elo na Santa Casa de São Paulo, já é possível observar uma relação entre os músicos e toda a equipe do hospital. Pacientes, acompanhantes, enfermeiros, equipe de limpeza… Todos ali já sabem que, no mesmo horário, toda semana, os músicos estarão lá cantando e tornando aquele ambiente mais humano.

A enfermeira chefe do serviço de pediatria da Santa Casa, Kelly Cerqueira da Silva, acredita que o trabalho dos Músicos do Elo é fundamental para o ambiente hospitalar. “Quando os músicos chegam, as crianças sorriem mais, pois elas podem cantar, dançar e interagir usando os instrumentos”, conta.

Kelly também diz que os músicos são muito bem recebidos por toda a equipe multidisciplinar do serviço, porque eles se sentem acolhidos e revivem canções que remetem a sua vida, trazendo lembranças boas. “É uma relação de gratidão pelo presente que eles recebem todas as vezes que ouvem os músicos”, relata a enfermeira.

Outro setor da Santa Casa que recebe os músicos do projeto é o Departamento de Cirurgia. Mariana Sampaio Reis, a enfermeira chefe do serviço, é grande entusiasta dos Músicos do Elo. Ela contou um pouco da atuação dos músicos no setor em entrevista:

Como tem sido a recepção dos pacientes do Departamento de Cirurgia aos Músicos do Elo?

No primeiro dia que apresentamos os músicos aos pacientes, pudemos perceber a emoção no olhar, nas lágrimas derramadas, enquanto eles relembravam as músicas que fizeram parte da sua juventude, já que 70% dos nossos pacientes internados são idosos. […]  No decorrer da semana, em que muitos tiveram alta hospitalar, eles foram agradecer pela oportunidade de ter recebido a visita dos músicos. Também agradeceram a iniciativa da instituição que, mesmo em meio a algumas dificuldades, proporciona momentos que ficarão eternizados.

Você acredita que os músicos estão melhorando o clima do hospital?

Sou suspeita para falar, pois, desde o primeiro dia que o projeto foi apresentado, eu já me encantei. Me emocionei muito, foi inexplicável! […] Eu sabia cantar todas as músicas e me animava em cada enfermaria que entrava. Eu também sabia que estava transmitindo uma alívio e um conforto para os pacientes que se encontram em um momento tão complicado que é a fase de internação. […]

Como é a relação dos músicos com os funcionários do serviço?

A equipe de enfermagem, de um modo geral, fica com vergonha de cantar e errar no começo. […] No decorrer da apresentação, porém, eles se soltam e entendem que todo esse projeto foi instituído para a melhoria diária de todos. O fato deles saberem que a música também está voltada para os colaboradores fez com que eles se sentissem valorizados e motivados. […]

Qual foi a principal mudança observada no Departamento de Cirurgia após o início da atuação dos músicos?

A interação dos colaboradores quando os músicos chegam na unidade. O entendimento que nós somos as pessoas que mais passam tempo no hospital, e que esse momento de cantar e de expor as emoções consegue nos acalmar, nos faz refletir que podemos fazer o nosso melhor nas condições que temos. E sempre temos que ter em mente que precisamos fazer o melhor. Porque fazer o possível qualquer um pode fazer, mas quando nos doamos por completo – como podemos perceber no projeto – conseguimos fazer a diferença.